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O PERIGO DA AUTOSUFICIÊNCIA
(texto do livro “O fracasso de um campeão” de autoria do Pr. Valtenci L. Oliveira)
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Ao analisarmos as ações de Golias, facilmente percebemos que se tratava de um homem que esbanjava “auto-suficiência”. Mas qual o problema em ser auto-suficiente?
Pois bem, auto-suficiência é a capacidade de independência total de um indivíduo, empresa, País e etc. Significa que não se depende mais de outrem, a não ser de suas próprias potencialidades.
Em relação a qualquer instituição, até certo ponto entendemos, pois ela não tem vida em si mesma. Sua vitalidade vem da mão-de-obra gerada pelo homem. Entretanto, o homem não é uma instituição, é um Ser e, enquanto ente, nunca será auto-suficiente, no sentido lato da palavra. Sempre, queira ou não, dependerá do outro. Aliás, segundo, o sociólogo Émile Durkheim, “o homem é um Ser social criado para viver em grupos.” Isto implica em dependência uns dos outros. Não foi isso que aconteceu com Golias!
É explícito que o herói filisteu, ao chamar para si só a batalha, cometeu mais um gravíssimo erro. “Parou, clamou às tropas de Israel e disse-lhes: Para que saís, formando-vos em linha de batalha? Não sou eu filisteu, e vós servos de Saul? Escolhei dentre vós um homem que desça contra mim. Se ele puder pelejar comigo e me ferir, seremos vossos servos...” I Sm 17.8-9ª.
O discurso de Golias mostra que ele não só decidiu lutar sozinho, o que com certeza outras vezes já o fizera como também colocou a liberdade do restante do exército e de todos os filisteus em sua auto-suficiência.
É isto que a auto-suficiência faz com o homem. Cega-lhe de tal forma que é incapaz de perceber que depende de outros. Não podemos nunca nos esquecer disto. É óbvio que a dependência de que falo não se resume na morbidade das ações, isto é, total dependência alheia. Pelo contrário, a nossa vida precisa ser pautada na mutualidade de ações.
É fato que dependemos de outros, desde a nossa gestação até a nossa morte. Para chegarmos ao mundo, no momento do nascimento dependemos de mãos para nos ampararem. O que seria de nós se pessoas, quando ainda estávamos na fase dos primeiros passos, não nos segurassem todas as vezes que esboçávamos uma provável queda? O que seria de nós se não houvesse os mestres que nos ensinaram tanto a escrever as primeiras palavras como a mais tarde nos especializarmos nas academias? O que seria de nós se não fosse nossa família nos motivando mesmo nos momentos mais sombrios e difíceis de nossa vida?
Mesmo no momento do óbito precisamos de pessoas que nos levem ao túmulo.
Mas para Golias, os outros eram apenas número, torcida e mais nada. Absolutamente nada. As duas vezes em que desafiou os israelitas disse, ironicamente: “...desça contra mim... peleje comigo...”.
Muito mais do que dos outros, em toda nossa trajetória, precisamos de Deus. Todas as nossas potencialidades serão inúteis se não estivermos debaixo da graça motivadora de Deus. Sl 40.4.
Mas como Golias podia confiar e depender de Deus se não conseguia sequer enxergar seus companheiros de batalha? Tenho aludido, em minhas ministrações, que “nosso relacionamento com Deus precisa, necessariamente, passar pelo relacionamento com nosso próximo”.
Ao sair do Egito com o povo de Israel, Moisés estava com dificuldades para governar tão numeroso povo. Seu sogro Jetro lhe disse: “...isto é pesado demais para ti; tu só não o podes fazer...” Ex 18.18b; ele o ouviu e chamou homens para ajudá-lo na liderança do povo. Fica aqui um alerta: “a auto-suficiência é um dos atalhos mais rápidos para o fracasso”.
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Valtenci Oliveira, pastor batista
REFLEXÕES DE UM PASTOR - PARTE VII
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