Nós estávamos saindo da cidade Jericó, quando um brado invadiu nossos ouvidos e interrompeu nossa caminhada: “... Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim!” (Mc 10.47). Olhei para o Mestre Jesus, que subitamente esboçou um sorriso no canto direito dos seus lábios e com três maneios positivos com sua cabeça, olhou para nós e pediu que trouxéssemos até Ele aquele que suplicava. Quando fomos busca-lo, ainda podíamos ouvir alguns que reclamavam implorando para que este se calasse, mas ele insistia: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”. Logo o reconheci. Era o filho de Timeu. Quando o colocamos diante do Mestre, uma frase me chamou a atenção. Foi quando Jesus, perguntou: Que queres que te faça? E o cego lhe disse: Mestre, que eu tenha vista (Mc 10.51). Eu já tinha sido testemunha ocular dos feitos de Jesus. Todos os seus milagres necessitam de elucubrações, mas nesse caso, o que Jesus queria nos dizer com uma pergunta tão obvia? O que mais necessitaria um deficiente visual, senão de restauração da visão. Eu sei que a partir da cura, a dignidade, o opróbrio, a miséria e a comunhão estariam de volta ao filho de Timeu. Entretanto o que eu indagava era: por que uma pergunta tão previsível? 
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Desde aquele dia, passei a andar atrás do Mestre tendo como companheiro o filho de Timeu (Mc 10.52). Aquela pergunta, não saía da minha memória. Minha mente agonizava pela resposta. Então me lembrei de que no passado, alguns profetas relataram sobre esta pergunta. Iavé perguntou a Salomão, o que desejava e o herdeiro do trono de Israel pediu e foi atendido com o dom de Sabedoria (I Reis 3.5-9). Quando Elias estava para findar seu ministério, ofereceu a Eliseu esta mesma pergunta e concedeu dupla honra ao seu sucessor (2Rs 2.9). 
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Mais tarde o Mestre nos disse que o que pedíssemos no nome dEle, nos seria concedido. Entretanto, Tiago, meio irmão de Jesus, uma vez me disse que nós não recebemos alguns favores de Deus, por que pedimos mal (Tg 4.3). Com isso, minha mente conseguiu obter algumas respostas: Por que Jesus, sabendo quem era o filho de Timeu passou por ele e não o atendeu quando estava com a mão estendida? Porque Jesus notou que o ele queria era apenas um donativo. A esmola levaria o filho de Timeu de volta ao Vale dos Rejeitados. Continuaria sendo um pária social, sobrevivendo do lado de fora dos muros de Israel. Eu aprendi que Jesus não caminha conosco apenas para nos dar casas, comida, roupa, joias, dinheiro.
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Agora eu caminho atrás do Mestre. Sou seu seguidor e trago um rascunho escrito nas minhas memórias. Apropriei-me do exemplo de Neemias, que um dia macambúzio, aproveitou a pergunta de Artaxerxes e prontamente respondeu ao rei o que queria (Ne 2.1-6). Sigo os passos do Mestre na esperança que Ele se volte para mim e me pergunte: O que queres que lhe faça? Certamente, neste dia, terei a resposta. Eu sei muito bem, pois está viva em minha memória aquele dia da cura do filho de Timeu e gravado no meu coração o que quero de Jesus. O que desejo de Jesus é o motivo dos meus joelhos dobrarem. O que anseio de Jesus é o que me motiva todos os dias a viver. O que aguardo de Jesus é o meu milagre.
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Você saberá responder quando Jesus lhe perguntar: “O que quer que eu lhe faça?”.
Paz, em Cristo, que sabe o que é melhor para nós.
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Paz, em Cristo, que nos chamou por sua palavra.
Pr. Romilton Lourenço