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Sola fide

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“E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel e dos profetas. Os quais pela fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos estranhos.”

Hebreus 11.32 a 34

 

A fé expressada pelos ícones da galeria dos heróis da fé constrange, justamente porque tem um “algo a mais” em comum, um fio de ouro, uma linha na tecitura que alinhava a vida e obra dos citados personagens. Estes “pela fé” fizeram isso e aquilo, “pela fé” suportaram e escaparam, “pela fé” venceram e superaram, “pela fé” escaparam da força do fogo e até das fraquezas tiraram forças! Nos faz inferir, sem dúvida, que o texto tem a intenção de confrontar o leitor e fazê-lo melhorar a conduta e adotar, por causa da fé, uma  coerente e equivalente ação. Diria que há mesmo a intenção de provocar o ouvinte a ousar mais, ir mais além. E escrevendo em todo o livro sobre a excelência da vida cristã, agora, nas entrelinhas pergunta: o que falta para te convencer? Depois de forma direta o escritor pergunta ao leitor: “Que mais direi?” Imediatamente responde fazendo, ele mesmo, referência aos que viveram pela fé, e citando outros heróis acresce à galeria e desafia o leitor–ouvinte a também tomar uma atitude e viver neste patamar.

O autor aos hebreus, assim como os demais escritores, reconhecem esta necessidade de se ter coerência entre a vida que se leva e a fé que se professa, veja o que dizem: “... tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos [...] quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto, que, havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram...” (Judas 3 a 5); “Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta” (Tiago 2. 26); “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.[...] somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” (Efésios 2. 8-10). A fé deve vir jungida às obras, João escreveu as palavras do Cristo quando ensinava: "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; [...] Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim. [...] Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto”  (João 15. 1-6); O profeta assevera: “mas aqueles que esperam no Senhor renovarão as suas forças; subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão e não se fatigarão” (Isaías 40. 31) e o salmista canta: “Os que confiam no Senhor são como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre” (salmos 125. 1).

 

 Há necessidade de uma fé estampada numa ação. Algo factual, prático e vívido. Esta fé deve, portanto, ser constatada exatamente assim! Num conjunto de atitudes que demonstrem uma vontade de prosseguir e superar. Primeiro a si mesmo, depois as circunstâncias, por mais adversas que possam ser.

A ação neste nível deve distinguir o justo que crê e age, dos muitos que dizem crer, mas não se comportam de acordo e também não abandonam o pecado, não agem positivamente, com imprescindível firmeza, determinação, abnegação e justeza. E,  por ignorarem ou desprezarem isso não superam coisa alguma, ainda insistem em conviverem com o inadmissível e negociarem o inegociável.

No embate diário, parece que,  o difícil é abandonar as persistentes práticas pecaminosas que impedem uma genuína transformação forjada ao fogo de romanos 12. 1 e 2 “transformai-vos pela renovação do vosso entendimento...” e assim, conseqüentemente, gerar transbordamento para a vida familiar e social.

 

Destarte, se tem verificado que a maior dificuldade não está somente em praticar a justiça, mas abandonar o pecado!

 

Deus sempre nos convida a crer em nível prático. É possível encontrar pessoas que não são membros de igrejas manifestarem uma fé sincera, honesta e exeqüível quando provados. Indivíduos que acreditam mais na ação de Deus do que alguns que perfilam como povo de Deus. Quando se demoram no vale da aflição, e,  clamam a Deus, não desistem, e, chegam a compreender melhor, certo “silêncio” divino. Enquanto que crentes nominais, que se encontram dentro ou mesmo fora das instituições eclesiásticas, quando caminham na aridez do deserto da vida. Tendem, mesmo silenciosamente, culpar Deus, cobrar alguma resposta, retorno ou alguma providência,  afinal eles merecem a atenção e o serviço dEle. Quando há o silêncio, muitos não se curvam a soberania divina e as vezes chegam até a blasfemar. A “fé” destes é frágil, débil e as razões de sua fé são mal compreendidas, não é trabalhada e por isso, quando exposta ao causticante deserto da aflição murcha, racha e se desfaz.

 

A fé genuína não desmorona na aridez da vida, mas é aperfeiçoada. Paulo afirma aos romanos: “... também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência...” (aos romanos 5. 3). A fé não murcha como a flor. A fé é dura, resistente e arraigada. A fé é firme alicerce. A fé é rocha inabalável. Aquele que tem genuína fé supera. Afinal “tudo é possível ao que crê!”

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Alcançados pela Graça!

C. F. Henriques

POR FÉ SOMENTE

PARTE II

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