Sola fide
“O justo viverá da fé” (Hebreus 10.38)
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Deve-se ter especial cuidado com as finas e quase imperceptíveis teias do pensamento tradicionalista estacionário, antiquado, tacanho, frágil, sem rigor teórico e pouco filosófico. Assim como, deve-se ter precaução com as volúveis elucubrações do pensamento liberal pós-moderno que soma esforço com a atual tendência de uma parcela de poder, de uma associação corrupta, que visa destruir valores pilares da sociedade e obliterar a clareza paradigmática da igreja.
Num contexto tão devasso, raso, medíocre, o justo vê-se cercado de tal forma, que pode desanimar, e, até cogitar que não tem mais jeito. É aí que entra a fé. Quando não se tem mais esperanças terrenais, entram as esperanças celestiais. Quando não se pode confiar nos homens devemos, certamente, continuar a confiar em Deus!
Neste sentido o grito: “O Justo viverá da fé!” é mais que um arrazoado bíblico. É um imperativo, que já levou a mudanças no passado através de um retorno as Escrituras, e, que culminou com aquele monge agostiniano fixando 95 teses naquele castelo em Wittenberg em 31 de outubro de 1517. Na ocasião “o grito” acordou muitos que estavam dormindo o sono da inércia, da omissão, da preguiça, do medo, da indiferença. O jovem professor, arriscou a própria vida para protestar contra a corrupção que se instalara na igreja e na sociedade. A quebra do silêncio de Martinho Lutero levou a uma reforma geral, conhecida como reforma protestante.
Hoje parece necessário retornarmos ao brilho de uma fé que ilumine o entorno, a moda do salmo 139.11 e 12, e reformarmos algo primeiro dentro de nós, que somos o âmago da igreja brasileira.
Em inúmeros púlpitos, desde as catedrais até as mais simples congregações, há uma superficialidade tosca, ignorante, superficial. Uma frivolidade nas relações interpessoais que recheadas de “coisinhas umbilicais” chega a ser nauseante e que torna a vida cristã apenas nominal, bastante cambaleante e muitas vezes delirante.
Precisamos retornar. Sim, urgente, precisamos reformar! Como? Como ser diferente de tudo isso? Como ser sal da terra e luz do mundo em meio a tanto desvio ético, moral e até mesmo doutrinário. Como apregoar perdão, sinceridade, integridade e especialmente santidade quando muitos cristãos não se permitem viver, nem de longe, estas verdades?
A expressão no livro de hebreus “ O justo viverá da fé” antecede a galeria dos heróis da fé. O capítulo 11, que está repleto de grandes feitos de pessoas comuns, pessoas como nós! Mas que tinham “algo a mais”. Este “algo a mais” é a fé operante que possuíam. Pois, devido a esta fé transformadora, da fraqueza tiraram forças! Nas batalhas se esforçaram! E ao final, venceram reinos!
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Alcançados pela Graça!
C. F. Henriques