“Crises Comuns na Liderança - Parte III”
“Não deis lugar ao diabo.” (Ef 4.27)
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Talvez pareça forte a afirmativa de que muitos estão num processo de luciferianização da alma. A afirmativa a primeira vista parece agressiva, mas é a mais pura realidade existencial de muitos, principalmente em líderes. Jesus não teve dificuldade de reconhecer a existência de seres contaminados com a síndrome luciferiana dentro da “igreja”. Esta identificação não é difícil quando se detecta as mesmas características que caracterizaram o ser angelical chamado Lúcifer. Quem são estes, então? Onde se vê tal síndrome?
Se vê na alma que vive de Deus sem Deus. Assim como este ser angelical viveu da glória de Deus conferida a ele, ao tempo que viveu sem este Deus em seu ser – tanto que foi capaz de se rebelar contra ele -, assim muitos vivem dos milagres, da glória, do nome, das benesses de Deus sem Ele. Evangelho é viver com Deus. É vida com Deus e não de Deus. Viver de Deus toda a criatura vive de acordo com a Palavra do salmista: “Todos esperam de ti que lhes dês o seu sustento em tempo oportuno” (Sl 104.27). Os contaminados desta síndrome são os que fazem do Evangelho o evangelho das conquistas, barganhas e negócios. Não vivem com Deus, mas as custas d’Ele. São os hipócritas. Os fariseus de hoje.
Se vê, ainda, na alma que vive de Deus e não para Deus. Outra espécie de alma contaminada por esta síndrome é aquela que vive as custas de Deus sem viver para Deus. Ou seja: não possuem qualquer espírito de gratidão-retributiva pela graça recebida. São os que não desejam compromisso. Recusam-se se envolver na Causa e com a Causa do Evangelho de Cristo. São os que só aparecem e comparecem para receber, e nada mais. Não possuem compromisso com a renúncia; não acalentam qualquer apreço com a abnegação; repudiam completamente a ideia de cruz. São identificados com as multidões que seguiam Jesus. São seguidores, não discípulos; aproveitadores, não agraciados; interesseiros, não necessitados.
Se vê também na alma que vive como se fosse Deus. Estes são uma verdadeira caricatura luciferiana. Possuem o seu dom maior: a soberba. Apresentam-se como autossuficientes. Independentes de Deus. Invencíveis e insensíveis. Possuem uma interpretação grotesca do salmo 82.6 e acreditam que “são deuses”. Deuses das almas humanas incautas. Estes sentem-se donos de rebanho. Manipuladores de almas – sem perceber que suas almas já estão manipuladas pelo próprio lúcifer. Vendedores de bênçãos espirituais. Verdadeiros lobos travestidos de pastores.
A única ação preventiva contra esta síndrome epidêmica é possuir uma verdadeira consciência de que fomos feitos de Deus, para Deus, a fim de vivermos com Deus como se fossemos um com Deus.
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Nele, em quem sou e a quem sirvo!
Pr. Adriano Moreira