“Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo algum entrareis no reino dos céus.” (Mt 5.20)
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No sermão do monte Jesus declara que a ética do Reino de Deus está acima da “justiça dos escribas e fariseus”. Todos os que desejassem fazer parte deste Reino precisariam exceder a “justiça dos escribas e fariseus”. Esta justiça condenada por Jesus tinha seus alicerces no aparente, no externo, no visível; nunca no interno e essêncial. Contrário a esta justiça farisaica, a justiça e ética do Reino de Deus traz alguns valores como mais importantes e determinantes no caráter dos seus súditos. Por isso, no Reino de Deus, algumas coisas possuem maior valor que outras. Segundo Jesus, ou Nele:
Comunhão está acima de Devoção (v.23). Era característico na prática dos escribas e fariseus a ênfase na devoção. Ela estava acima de qualquer outro valor. Ou seja: desde que se entregue a oferta, faça-se as orações diárias, jejue e se entregue o dízimo, o mais é irrelevante. No Reino, minha comunhão é mais importante e determinante para minha devoção. Deus está mais interessado em como estou me relacionando com o próximo; pois este relacionamento é o sinalisador de minha comunhão com o próprio Deus de acordo com o apóstolo João (1 Jo 4.20). Para Jesus qualquer tipo de culto e oferta não possuem valor algum se tivermos pendências em nossos relacionamentos. Vida com Deus é vida com o próximo.
Ética do coração está acima da moralidade das ações (vs.29-30). Para Jesus transgressão não se determina pelas ações, mas pela motivação. Daí, o adúltero não precisa ir para o motel, basta cobiçar com os olhos do coração; o assassino não precisa executar o próximo, basta destilhar o veneno mortal do ódio em sua alma - suficiente para matar a si mesmo e ao irmão. Isto, porque transformação interna é superior aos atos externos. A lei só julga os atos. A graça diagnostica o coração. A motivação interna está acima das ações externas. Arrancar o membro que causa escândalo significa arrancar o mal pela raíz. No Reino de Deus as motivações são a razão para as ações. Elas é que precisam ser trabalhadas.
Generosidade acima da mediocridade (vs.38-48). A arma no Reino de Deus não é a violência, a vingança, a arrogância, o ódio ou o mal como pagamento do mal; mas a generosidade capaz de nos fazer dar a outra face, caminhar mais uma milha, entregar a capa além da túnica e dar ao invés de emprestar. Esta é a única maneira de vencer o mal: usando a arma do bem. Quando caminhamos mais uma milha, demonstramos que somos resistentes a ponto de ir além do que nos foi imposto; quando damos a outra face, revelamos a capacidade de vencer o mal com o bem; quando entregamos a capa, provamos que possuímos muito mais do que nos foi exigido; e quando damos a quem nos pede emprestado, reconhecemos que somos livres para decidir nossas ações. Desta maneira minamos gradativamente o reino das trevas e implantamos o Reino de Deus na terra.
Sei que a vivência e convivência no Reino não é para qualquer um. Somente quem estiver disposto a exceder em justiça e verdade aos fariseus de ontem e de hoje pode entrar nele. Nesta perspectiva entendemos a declaração de Jesus de que “o Reino de Deus é tomado a força”.
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Nele, em quem sou e a quem sirvo!
Pr. Adriano Moreira