“...os filhos chegaram a ponto de nascer, mas não há força para lhes dar à luz!” Isaías 37.3

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François Rabelais, escritor, padre e médico francês do século XV, registra com uma excepcional e curiosa agudeza: “muitos não puderam quando deviam, pois não quiseram quando podiam” alfinetando àquelas pessoas que podiam fazer alguma coisa em determinada ocasião, mas que não quiseram. Daí, um dia, se deparam com a necessidade de tê-la feito. Deveriam ter feito quando podiam, porém a oportunidade passou. Rabelais tem uma fina ligação com o texto da carta do rei Ezequias enviado ao profeta Isaías. A nação vive um momento crítico, não se pode mais postergar, é crucial uma reação, uma atitude, mas Ezequias declarou que não havia força ou capacidade para reagirem.

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Eduardo Galeano, de forma diferente, não espeta os poderosos e sim o próprio povo, quando escreve “há um silêncio em nós bastante parecido com a estupidez” criticando a atitude passiva, covarde e até, segundo Galeano, estúpida dos povos oprimidos. O povo se deixa manipular por corruptos políticos e aceitam tudo serenamente.

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Quem sabe deveríamos rasgar as nossas vestes, nos vestir de pano de saco e pôr cinzas sobre as nossas cabeças como fez Ezequias. Entretanto, por motivos nebulosos, poucos se aventuram a agir com intrepidez, coragem e assertividade. Não há espaço em nossas agendas para combater desigualdades sociais, injustiças e o câncer da corrupção que atinge a todos em maior ou menor grau.

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Não se pode olvidar que há pessoas morrendo a cada hora, milhões sofrendo de pobreza em todos os níveis, sendo vitimadas em todas as faixas etárias e o povo vem sendo achacado por todos os lados. Onde estão os Isaías de nossos dias? Onde estão os profetas que respondem firmemente aos desesperançados e até já descrentes Ezequias da atualidade? Afinal, os filhos chegaram a ponto de nascer, mas há força para lhes dar à luz?

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Alcançados pela Graça!

C. F. Henriques