“Eles não precisam ir embora, dai-lhes vós mesmos de comer” - Mateus 14:16
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Há muito tenho dito sobre a prática da pregação. É sabido no meio acadêmico teológico que na prática da homilia, isto é, da pregação da Palavra, há um substrato considerável de rigor teórico, quilos e quilos de ponderações filosóficas e teológicas, além de horas e horas de oração, leitura e meditação na Palavra de Deus com a finalidade, PRIMEIRO de entender e buscar formas para durante a preleção fazer o ouvinte enxergar o contexto histórico, cultural, econômico, político e religioso da época em que o texto foi escrito, pintando as cenas que se quer mostrar com os diversos pincéis disponíveis no aparato da exegese bíblica. SEGUNDO, arrumando as figuras escolhidas cuidadosamente pelos critérios da homilética e as palavras colhidas nas sagradas escrituras destacadas pela hermenêutica em redivivas cores com a finalidade de reinterpretar a aplicabilidade das imagens e mensagens bíblicas na vida do homem moderno. TERCEIRO, para encontrar, de fato o cerne, o querigma, o ponto de torque textual que é a razão do texto existir. É fundamental encontrar o ponto central da perícope, no qual todas as palavras orbitam e se arranjam. O expositor da palavra deve, também, ter em mente o esforço natural da apologese em tornar o discurso confiável e sempre de acordo com a fonte da verdade bíblica. Todo este cuidado visa apresentar um preciso quadro, sem firulas, do que o Eterno Deus, de fato, anseia falar com a humanidade.
A proposta de Jesus, “eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer”, é o cerne da mensagem do Cristo, e até deveria ser o tema da perícope que mostra o belo quadro da primeira multiplicação de pães e peixes. Porque é na proposição que o Cristo demonstra, em vívidas e saltitantes cores, que são os discípulos, mesmo nas suas limitações, que irão alimentar as multidões famintas e sedentas. Quando falo discípulos, espero evidenciar que falo de você também.
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Alcançados pela Graça
C. F. Henriques