O triunfo final
"Se não há ressurreição dos mortos, então nem mesmo Cristo ressuscitou; e, se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que vocês têm" - 1 Coríntios 15.13 e 14
Estudando a arte cristã deparei-me com uma antiga obra de arte, um afresco da Anástase, datado de cerca de 1320, realizado na Igreja de São Salvador em Khôra, Istambul. O detalhe retrata a vitória final de Cristo sobre a morte de modo impressionante. Com ternura, o Cristo ressurreto está erguendo um homem e uma mulher de suas sepulturas e levando-os para o Céu. O que chama a atenção é a mensagem teológica perspicaz que exibe a morte espiritual e física, resultante da queda, revertidas dramaticamente em vida eterna pelo Cristo redivivo. O afresco demonstra a total superioridade de Cristo sobre todas as coisas. Este poder é evidenciado na vitória sobre o último inimigo: a morte.
A imagem também me fez lembrar uma bem conhecida estória, contada em muitos púlpitos deste Brasil. A estória encerra grandes verdades sobre este tema e vale a pena relembrar. O conto narra que os elementos da natureza disputavam a supremacia e o comando da história. O metal, gabava-se dizendo que ele era o mais poderoso dos elementos, pois era ele quem dava origem as armas, as ferramentas e as grandes estruturas. Em sua tagarelice o metal dizia: ninguém é mais forte ou poderoso do que eu, pois com minha indústria destruo impérios e ergo cidades! Estabeleço governos e os torno a derrubar. Eu, o metal, sou o senhor de todas as guerras. O fogo, incendiado pelo debochado discurso do metal, sorrindo, aumentou sua temperatura e derreteu completamente o insolente metal. O fogo, com a língua bem inflamada, disse: se é assim, eu sou mais importante, mais forte e mais poderoso, pois, sou eu quem derreto o metal, e dou a ele a forma que quero. Nas guerras, sou eu quem dá impulso às suas armas e inflamo os projéteis. Incendeio vilas, florestas, cidades e casas. Sem mim o metal não é nada! Foi aí que a água, numa onda de revolta, levantou-se bravia e engolindo o fogo, o apagou; sacudindo também o derretido e humilhado metal, o esfriou, e, o afundou. A água disse: se é para decidir quem é maior fica muito fácil, pois cubro a maior parte da superfície da terra, também sou mais forte que o fogo, pois, eu o apago. Tenho mais força que o metal, pois, eu o afundo. O sol, brilhando em seu esplendor, até então impassível, deixou sua quietude habitual por achar um absurdo a disputa, e aumentando seu fulgor fez secar grandes porções do planeta, tornando lugares antes alagados em desertos. Em sua cólera impôs um calor causticante e fez rios deixarem de existir, lagos secarem completamente. Então, o sol disse: eu sou o maior poder de todos, pois eu faço evaporar a água, cubro toda a terra com a minha luz e com meu calor, marco os dias e mudo as estações! Contrariadas com a disputa as nuvens resolveram se manifestar e disseram: mas você sol, não é mais poderoso do que nós, pois você só brilha quando permitimos. Dizendo isso, pesadas, carregadas e gigantes nuvens cúmulos-nimbo se apressaram e encobriram todo o céu, rasgando-o com inúmeros relâmpagos que faziam ribombar poderosos trovões, seguidos de pesada chuva, granizo e neve. Nós, as nuvens, possuímos o maior poder de todos! Não suportando tanta arrogância das nuvens, o vento uivou, num furacão de emoções, rapidamente espantando para longe todas as nuvens. Teimoso, o vento girando, soprava dizendo: eu sou detentor do maior poder de todos, pois, desloco as nuvens, agito o mar e alimento o fogo. O vento, raivoso, parecia querer varrer a terra, tudo era arremessado, as árvores se curvavam, se quebravam e tudo era devastado. O poderoso tornado se insinuava gerando uma poeira tão grande que escurecia o céu e obnubilando o sol. Todos ficaram sem palavras diante da força do vento. E pensavam: o vento tem mesmo o maior poder de todos. Até que a montanha, posicionada bem a frente bloqueou o vento e o fez tomar outro caminho. A montanha disse: eu possuo o maior poder que existe, pois sou eu quem faz parar o vento, estabeleço limite para as águas do mar, faço descer os rios, suporto a força do fogo e alcanço as maiores altitudes! E, enquanto fazia descer uma grande avalanche, que vinha arrasando tudo que estava a sua frente a montanha afirmava: não há poder maior do que o meu! Estavam todos convencidos, até que ouviram um grande estrondo, um barulho ensurdecedor e simultaneamente sentiram um tremor de terras. Então, em meio a uma nuvem de poeira, percebia-se toneladas de escombros. Foi ali que viram o homem, orgulhoso, havia explodido a montanha. O homem disse: eu tenho o maior poder de todos, pois domino o metal, o fogo, a água, o sol, as nuvens, o vento, e, transpasso com pontes, atravesso com túneis, percorro com estradas, subo por trilhas, sobrevôo com aeronaves e até derrubo as montanhas! Quero que saibam: ninguém é mais poderoso do que o homem! Realmente, todos se curvaram ante a engenhosidade e notável poderio do homem em manipular todos os outros elementos. Estava resolvido. Todos concordaram, o homem era sem dúvida o dominador de tudo. Passou um instante, e veio a morte, e, matou o homem. A morte então disse: onde está o homem que domina tudo? Eu sou o maior poder de todos, pois ninguém pode escapar do meu poder. Eu sou senhora e destino de todo ser vivente. Eu sou a dívida que todos devem pagar. Eu sou o fim! Todos concordavam, estava decidido! Afinal, a morte era invencível. Então, Ele veio ao mundo. O Senhor do Universo. Jesus foi crescendo e oferecendo amor, perdão e paz. Os poderes, os dominadores e as potestades reagiram. Os homens o espancaram, o esbofetearam e o crucificaram, o metal o traspassou, o monte tremeu, o vento soprou, o sol deixou de dar a sua luz, as nuvens encobriram o céu e a morte o levou! Mas não foi possível aos cordéis da morte retê-lo. Ao terceiro dia Ele ressuscitou, triunfou completamente! Ele venceu a morte! Jesus, sem dúvida, é o maior e único real poder no Universo. Por isso é que lemos em Colossenses 1.15-17:
“Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nEle foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele. Ele é antes de todas as coisas, e nEle tudo subsiste.”
Vejam o testemunho das escrituras: JESUS É MAIOR QUE A FORÇA DO METAL (“... eu criei o ferreiro ... Toda a ferramenta preparada contra ti não prosperará.” Isaías 54.16 e 17); JESUS É MAIOR QUE A FORÇA DO FOGO (“Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.” Efésios 6.16); JESUS É MAIOR QUE A FORÇA DA ÁGUA (“...dirigiu-se Jesus para eles, andando por cima do mar.” Mateus 14.25); JESUS É MAIOR QUE A FORÇA DO SOL (“E a cidade não necessita de sol nem de lua, para que nela resplandeçam, porque a glória de Deus a tem iluminado, e o Cordeiro é a sua lâmpada.” Apocalipse 21.23); JESUS É MAIOR QUE A FORÇA DAS NUVENS (“...E então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória.” Marcos 13.26); JESUS É MAIOR QUE A FORÇA DO VENTO (“... e ele, despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança.” Marcos 4.39); JESUS É MAIOR QUE A FORÇA DA MONTANHA (“vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível.” Mateus 17.20); JESUS É MAIOR QUE A FORÇA DO HOMEM (“Porque está escrito: ‘Por mim mesmo jurei’, diz o Senhor, ‘diante de mim todo joelho se dobrará e toda língua confessará que sou Deus’ " Romanos 14.11 e 12 ); JESUS É MAIOR QUE A FORÇA DA MORTE ( “...Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá...” João 11.25 e 26) e JESUS É MAIOR QUE A FORÇA DE TODA A CRIAÇÃO ( “...Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés.” 1 Coríntios 15.27a).
O apóstolo Paulo confirma a importância deste evento, a anástase, a ressurreição da seguinte maneira: “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo as primícias dentre aqueles que dormiram. Visto que a morte veio por meio de um só homem, também a ressurreição dos mortos veio por meio de um só homem. Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem. Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder.” (1 Coríntios 15.20 a 24)
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Alcançados pela Graça!
C. F. Henriques